Francisco celebrou a missa numa casa correccional nos
arredores de Roma. Um dos jovens perguntou porque é que o Papa lá foi.
Pontífice respondeu que o fez movido pelo coração.
O
Papa rompeu com mais uma tradição antiga da Igreja. Contrariando as rubricas
que regulam a celebração da missa da Ceia do Senhor, própria de Quinta-feira
Santa, lavou os pés a duas raparigas.
A cerimónia do lava-pés recorda o gesto de Jesus na
última ceia, que lavou os pés aos seus apóstolos. As regras para esta missa
indicam que o celebrante, caso queira incluir esta opção, deve escolher 12
"homens", que assim simbolizam os apóstolos.
Nunca um Papa lavou os pés a uma mulher, mas
Francisco, à imagem do que já fazia enquanto arcebispo de Buenos Aires,
escolheu duas raparigas, a quem lavou os pés nesta missa. Uma das jovens é
italiana e outra de um país de leste. Entre os restantes 10, todos do sexo
masculino, incluem-se dois muçulmanos.
O Pontífice já tinha rompido com a tradição no
Vaticano ao decidir celebrar a missa da Ceia do Senhor numa casa correccional
nos arredores de Roma. Esta celebração costuma decorrer na Basílica de São
João de Latrão, a sé do Papa.
Na sua homilia, o Papa Francisco disse aos jovens
reclusos com quem foi celebrar a missa da Ceia do Senhor que estava ao seu
serviço, a exemplo de Jesus. "Entre nós, o mais alto é o que deve estar o
serviço dos outros. Isto é um símbolo, um sinal. Lavar os pés é: eu estou ao
teu serviço. Mas o que significa isto? Significa que nos devemos ajudar, uns
aos outros", afirmou.
"É o que diz e ensina Jesus, é isto que eu faço e
faço-o de todo o coração, porque é o meu dever, como padre e como bispo, devo
estar ao vosso serviço, porque o Senhor assim me ensinou", referiu o Papa
Francisco.
Aos presentes, o Papa convidou ainda a fazerem um
exame de consciência para ver até que ponto se sentem preparados para servir os
seus irmãos: "Cada um de nós pense: será que, na verdade, estou disposta
ou disposto a servir, a ajudar os outros? Pensem só nisso e pensem que este
sinal é uma carícia de Jesus, porque Jesus veio exactamente para isto: para
servir e nos ajudar".
Finda a missa, um dos jovens perguntou porque é que o
Papa lá foi. Francisco respondeu que o fez movido pelo coração e que isso é
algo que nem sempre se pode explicar. O Pontífice encontrou-se depois com cada
jovem individualmente, num momento a que a imprensa não pôde ter acesso. Pediu
aos jovens que rezassem por ele e que não deixassem que lhes roubassem a
esperança.
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